Entrevista com Heitor Romero

Heitor Romero é redator e crítico de cinema no site Cineplayers desde 2011. Paulistano e cinéfilo incurável, é formado como tecnólogo em saúde, mas encontrou na crítica sua verdadeira vocação. Além de escrever sobre filmes, atua na organização de eventos e mostras de cinema e literatura na cidade de São Paulo.

Vamos às 7 perguntas capitais:


1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte. Quando nasceu sua paixão pelo cinema? 

H.R.: É uma herança de família, especialmente do meu avô. Ele era um grande cinéfilo, assistia a todo tipo de filme, e minhas memórias mais antigas com o cinema vêm desse convívio com ele, passando as tardes de sábado assistindo a filmes do Chaplin na televisão. Meus pais e irmãos também me levavam muito ao cinema, então cresci em contato com os filmes da minha época.

Com o passar dos anos, após a morte do meu avô, acabei me afastando dos clássicos, mas sempre me lembrava de como ele dizia que o melhor longa do Chaplin era Luzes da Ribalta, um filme que nunca conseguimos encontrar para assistir juntos. Um dia, depois de muitos anos da morte dele, vi Luzes da Ribalta passando no Telecine, parei para assistir e então entendi o que ele queria dizer. Foi nessa ocasião que me apaixonei novamente pelo cinema e, desde então, venho buscando conhecer cada vez mais.

2) Tyler Durden disse em Clube da Luta: "As coisas que você possui acabam possuindo você". Ser colecionador é algo que se encaixa neste conceito, já que você se torna escravo do colecionismo. Coleciona filmes, CDs ou algo relacionado à 7ª arte? 

H.R.: Coleciono DVDs e Blu-rays e guardo os ingressos dos filmes que vejo no cinema. Também tenho uma minibiblioteca com alguns livros importantes sobre filmes, diretores, entre outros.

M.V.: Que bacana! Cinéfilos costumam demonstrar sua paixão pelo cinema de forma muito parecida, de forma quase intuitiva. Eu também sempre guardei os ingressos dos filmes que vejo.

3) De que maneira o site Cineplayers transformou não só a sua relação com o cinema, mas também a sua percepção sobre sua própria identidade como crítico e amante da sétima arte?

H.R.: Acompanho o Cineplayers praticamente desde sua criação. Eu tinha um caderno no qual anotava informações sobre meus filmes preferidos, que buscava no site, além de ler muito os textos, artigos e participar do fórum, onde debatia cinema com outras pessoas, meus primeiros amigos virtuais. Foi lá também que comecei a escrever meus primeiros textos na internet sobre filmes, no espaço dedicado aos comentários dos leitores.

Com o tempo, fui aprimorando minha escrita, adquirindo mais conhecimento e recebendo apoio das pessoas que conheci por lá, até ser convidado a ajudar na seção de cadastros de filmes, perfis e notícias do site. Depois de um período nessa função, veio o convite para integrar a equipe de críticos em 2011 e, desde então, estou lá, minha família virtual.

4) "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos". Considerando a reflexão, há alguma experiência vivida no meio artístico que foi especialmente marcante?

H.R.: Meu melhor momento foi cobrir para o Cineplayers a passagem de Abel Ferrara por São Paulo há uns dois ou três anos, quando ele veio como convidado para a mostra de seus filmes no Centro Cultural Banco do Brasil. Tive a oportunidade de conhecê-lo e conversar um pouco com ele e sua esposa, Shanyn Leigh, sobre sua obra e projetos futuros.

5) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes de sua vida? Um Top 10 ou mesmo o filme mais importante? 

H.R.: Luzes da Ribalta / Luzes da Cidade (Chaplin), Alice nas Cidades (Wenders), O Demônio das Onze Horas (Godard), 8½ (Fellini), O Silêncio dos Inocentes (Jonathan Demme), Fanny & Alexander (Bergman), Veludo Azul (Lynch), Verdades e Mentiras (Welles), Harakiri (Kobayashi), Bang Bang (Andrea Tonacci), Onde Começa o Inferno (Hawks), Um Corpo que Cai (Hitchcock), Vestida para Matar (De Palma), Quanto Mais Quente Melhor (Wilder) e O Leopardo (Visconti) são todos filmes que ampliaram minha visão e redefiniram a ideia que eu tinha de cinema.

6) Fale um pouco sobre os seus próximos projetos. 

H.R.: Tem muita coisa nova por vir no Cineplayers: vários planos para o crescimento e fortalecimento do site, além de projetos que já estão em andamento, como os podcasts, uma novidade para nós, e a coluna mensal que eu comando sobre os lançamentos em home vídeo, um projeto antigo meu que só se concretizou em 2015 e que pretendo aprimorar ainda mais no próximo ano.

7) E para finalizar, se pudesse deixar uma lição do tempo que dedicou ao cinema, qual seria?

H.R.: O cinema, como toda a forma de arte, permite que você expanda e enriqueça sua visão do mundo, da vida, uma oportunidade de despertar sentimentos que você nem sabia que existiam, ou potencializar os que você já conhece. É uma extensão dos nossos sonhos, o escape que nos permite acreditar nas possibilidades. Tem coisa melhor?

M.V.: Não, não tem (risos). Obrigado pela entrevista e sucesso.

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