Entrevista com Luigi Cozzi

Luigi Cozzi nasceu em Busto Arsizio, na Itália, em 7 de setembro de 1947. Ainda jovem, Cozzi fez filmes em 8 mm e cresceu querendo ser diretor de cinema. Cozzi também era um grande fã de ficção científica e trabalhou como correspondente no exterior para revistas de cinema ocidentais, como Famous Monsters of Filmland e Photon.

Ele fez obras como O Gato de Nove Caudas (1971), Quatro Moscas Sobre Veludo Cinza (1971), ambos de Argento, Hércules (1983), Starcrash (1978) e Alien - O Monstro Assassino (1980).

Cozzi também supervisionou o lançamento de uma versão editada do filme Godzilla em 1977, que entre outras mudanças apresenta colorização, filmagens do bombardeio de Hiroshima e uma trilha sonora de sintetizador. O filme foi apelidado de "Cozzilla" pelos fãs.

E hoje, com vocês, Luigi Cozzi.

Boa sessão:


1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Você é um apaixonado por cinema? Conte um pouco de como é sua relação com a 7ª arte.

L.C.: Adoro filmes desde criança. Quando eu tinha 12 anos, comecei a atravessar a cidade a pé ou de ônibus para ir a cinemas distantes e sozinho... E por muitos anos vi nos cinemas do is filmes por dia. Na verdade, sou fã de cinema desde os 7 anos e ainda sou. E desde os 16 anos, comecei a escrever artigos de crítica e história sobre cinema fantástico... tendo publicado agora mais de 40 livros sobre ficção científica, filmes de terror e diretores aqui da Itália.


2) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes de sua vida? Um Top 10 ou mesmo, o filme mais importante?

L.C.: O primeiro filme fantástico que vi em um cinema foi 20.000 Léguas Submarinas, da Disney. Isso aconteceu em 1954, quando eu tinha 7 anos. Desde então, fiquei viciado para sempre em filmes de ficção científica e fantasia.


3) Como foi trabalhar com Dario Argento e o quanto do trabalho dele influenciou sua carreira?

L.C.: Para mim, começar a trabalhar com Dario Argento em 1970 foi como um sonho se tornando em realidade. Dario tinha apenas 7 anos a mais do que eu e compartilhamos juventude, gostos e paixões. Ele tinha uma vontade incrível de fazer ótimos filmes e, obviamente, ele me influenciou bastante. Aprendi a escrever roteiros e como se comportar no set enquanto trabalhava com ele...


4) Algumas profissões rendem histórias interessantes, curiosas e às vezes engraçadas. E certamente, quem trabalha com cinema, tem suas pérolas. Se lembra de alguma história divertida que tenha acontecido durante a execução de algum trabalho seu e que possa compartilhar?

L.C.: Já fiz muitos filmes... alguns deles bastante estranhos e incomuns, até experimentais. Bem, muitas coisas engraçadas e curiosas certamente aconteceram ao fazê-los: mas cada filme meu tem uma história diferente, considerando que eu sempre gostei de fazer técnica e artisticamente coisas que ninguém mais havia feito antes de mim aqui na Itália. Apesar de serem muitas, não me lembro de uma específica que tenha nos marcado.


5) Imagine o cenário: você é um diretor de cinema (de qualquer país) enquanto ele realiza um filme memorável. Qual seria o diretor, o filme e claro…, por quê?

L.C.: Admiro muitos diretores e muitos filmes, tanto mudos quanto falados... O mais impressionante que já vi até agora é 2001 - Uma Odisseia no Espaço... Mas eu amo Rastros de Ódio de John Ford e Legião Invencível também... Fahrenheit 451 de Truffaut. O Incrível Homem que Encolheu, A Marca da Maldade e Guerra dos Mundos de Pal. Os Primeiros Homens na Lua com os efeitos de Harryhausen... e muitos outros títulos, pois é impossível eu escolher apenas um único... Mas fico com 2001 de Kubrick num eventual primeiro lugar.


6) Fazer cinema envolve muitas variáveis. Esforço, investimento, paixão, talento... E a sinergia destes elementos faz o resultado. Qual trabalho em sua carreira considera o melhor? E há algum que se arrependeu? Ou mesmo faria diferente...

L.C.: Todo filme que fiz até agora contém muito de mim, eles pertencem somente a mim e parecem que eu estou inserido neles. Alguns desses filmes são bem conhecidos em todo o mundo, outros não, mas eu ainda gosto de todos da mesma maneira, porque acho que são todos diferentes dos filmes de outras pessoas. Apenas diferentes e não melhores. E afirmo que não gosto de imitar, mesmo que frequentemente tenha que trabalhar com gêneros, porque essa foi a única maneira de produzir meus trabalhos. Mas em todos os meus filmes, conhecidos ou desconhecidos para a maioria dos espectadores, há algo de mim.


7) Para finalizar, deixe uma frase ou pensamento envolvendo o cinema que representa você.

L.C.: "Eu não faço filmes de gênero, mas filmes irônicos sobre gêneros."

M.V.: Obrigado amigo. Foi uma honra

L.C.: Eu quem agradeço o espaço. Fique ligado nos meus últimos filmes, Sangue na Lua de Méliès, Pequenos Mágicos de Oz e o recém-concluído, 1849 - A Batalha de Roma, que eu lançarei em algum ponto de 2020.

M.V.: Não perderia por nada.


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