Entrevista com Renato Siqueira


Nascido em São Paulo 28 de abril de 1980, formado em radialismo e teatro, Renato Siqueira é diretor de cinema independente, roteirista, produtor, ator, montador, escritor e um especialista em Efeitos Especiais, Professor de atuação no SENAC, tem o seu primeiro Longa sendo exibido em 86 países através do nosso querido Netflix.

Vamos às 7 perguntas capitais:


1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte. Quando nasceu sua paixão pelo cinema? 

R.S.: Aos 11 anos meu pai me presenteou com uma filmadora e a partir dai não parei mais de fazer filmes.


2) Tyler Durden disse em Clube da Luta: "As coisas que você possui acabam possuindo você". Ser colecionador é algo que se encaixa neste conceito, já que você se torna escravo do colecionismo. Coleciona filmes, CDs ou algo relacionado à 7ª arte? 

R.S.: Não coleciono filmes, tenho alguns filmes prediletos, mas são pouco, não daria para falar que isso seria uma coleção.


3) Como nasceu o projeto para o filme "Diário de Um Exorcista - Zero"? E como foi a produção e as eventuais dificuldades de financiamento?

R.S.: No final do ano de 2010, estava terminando as filmagens do meu curta Laços Violados (suspense/policial), e estava pronto para um novo desafio, mas eu me perguntava: "Qual seria esse novo desafio?" E a resposta veio como uma meta, produzir um Longa Metragem, com uma história inédita e surpreendente, algo que ainda não tivesse sido explorada no Brasil, pois o cinema nacional de ficção fantástica é quase escasso, seguindo sempre a mesma linha, apostando no realismo cru das comunidades carentes, policiais cariocas e traficantes.

Certa noite, adormeci no sofá de casa assistindo TV e, às 2:00 hs da manhã, acordei assustado com os gritos alucinantes que saíam da boca de Regan McNeil, personagem do clássico O Exorcista, interpretada pela atriz Linda Blair. Após este susto, pensei: "Por que não uma história de exorcismo no Brasil?".


Na contramão da tendência e ciente da carência do público brasileiro, botei em ação o segundo passo, que foi pesquisar na internet se já existia alguma obra cinematográfica sobre exorcismo, e, através dessa pesquisa, percebi que o único filme que explora o tema exorcismo no Brasil foi o longa produzido em 1974 pelo cineasta José Mojica Marins (Zé do Caixão) chamado "Exorcismo Negro". 

Outra coisa que me chamou a atenção, foi de não existir uma obra literária nacional sobre o tema exorcismo e a partir dai convidei o meu amigo escritor  Luciano Milici para entrar no projeto se tornando uma das peças chaves, essenciais para a realização da obra. Foi ele que deu a ideia de lançar a obra literária antes do longa e como eu já conhecia o seu trabalho maravilhoso como escritor chamei-o para trabalhar no projeto e ele aceitou.


Sobre a produção e financiamento eu não recorri a nenhum órgão cultural, leis fomento, devido a demora no processo de seleção, captação, eu (Renato Siqueira) e minha pequena e talentosa equipe composta por Beto Perocini, Luciano Milici, Wagner Dalboni, Edu Hentschel arregaçamos as mangas e nos valemos de auto-suficiência financeira para tirar do anonimato o longa-metragem "Diário de Um Exorcista - Zero".

Doei 5 anos da minha vida para este projeto,  tive que estudar muito antes de começar a realizá-lo e com isso acabei trazendo para o Brasil uma inovadora técnica de maquiagem e efeitos visuais que aperfeiçoei durante esses anos. Apliquei-a no longa metragem e o resultado ficou excepcional. Além de produzi-lo eu também dirigi e atuei no filme, sem contar que a montagem e os efeitos especiais foram desenvolvidos por mim. Acho que esses foram os principais desafios.


4) O que mais te atraiu no gênero do horror para ser seu primeiro longa metragem? 

R.S.: Procurava por um desafio, algo que não tivesse sido explorado no Brasil e então cheguei ao tema polemico "Exorcismo". Dai por diante, focamos em buscar uma história verídica brasileira. Levamos em conta o terreno perigoso no qual pisávamos. Temíamos encontrar charlatões, aproveitadores e farsantes; temíamos encontrar exploradores da fé e também temíamos não encontrar nada de verdadeiro. 

Quando encontramos uma linha legítima de pesquisa, passamos a temer realmente o quanto poderíamos documentar tudo sem nos envolver ou contaminar. Tentamos ser imparciais e céticos. Sendo assim, isso torna o filme diferente das outras obras, e mesmo porque o tema Exorcismo foi bastante explorado lá fora, já aqui no Brasil é novidade. Este é o primeiro!!!


5) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes de sua vida? Um Top 10 ou mesmo o filme mais importante? 

R.S.: O clássico "O Exorcista", A Hora do Pesadelo, Sentinela dos Malditos, Os Bons Companheiros, Cassino, Drácula de Bram Stoker.

Alguns dos meus autores prediletos: William Peter Blatty, Wes Creven, Thomas B. Allen, Stephen King.


6) Fale um pouco sobre os seus próximos projetos. 

R.S.: Sim existe, a trilogia Diário de um Exorcista e mais um outro projeto de suspense bastante inovador que levaremos aos cinemas em breve.


7) Ao olhar para sua trajetória, qual aprendizado considera mais valioso e gostaria de compartilhar?

R.S.: “- Se você quer fazer um filme, faça-o. Não espere patrocínio, não espere circunstâncias perfeitas. Simplesmente faça-o!". Quentin Tarantino disse isto.

M.V.: Obrigado. A gente se vê nos filmes.



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