Entrevista com Edinho Pasquale


Edes Pasquale Landim nasceu em 29 de dezembro de 1962, em São Paulo. Formado em Administração de Empresas pela FEA-USP (1982–1985), também atua como jornalista, unindo sua formação técnica à paixão pelo cinema e pela comunicação. Fundou o DVDMagazine, que funciona como um portal para diversos críticos publicarem, além de fazer cobertura de eventos e notícias.

Vamos às 7 perguntas capitais:


1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte. Quando nasceu sua paixão pelo cinema? 

E.P.: Minha paixão pelo cinema começou cedo. Ainda na escola, fui assistir a 2001: Uma Odisseia no Espaço no cinema, como parte de um trabalho, e no próprio ano de estreia do filme no Brasil. Antes disso, já tinha visto alguns desenhos da Disney nas telonas, mas acho que foi a partir de 2001 que comecei realmente a gostar de cinema.

Era a época da corrida espacial: o homem havia recém-chegado à Lua, vi tudo pela TV. Poucos anos depois, com 13 ou 14 anos, percebi que, além de ir ao cinema e ver filmes na televisão (muitas vezes escondido, de madrugada), eu recortava críticas de jornais e as colava em um caderno, atribuindo também a minha própria cotação. Assim, fui montando uma lista de filmes com suas respectivas notas. Foram vários cadernos...

Talvez eu ainda não conhecesse bem o termo cinéfilo, mas acho que foi ali que tudo começou.


2) Tyler Durden disse em Clube da Luta: "As coisas que você possui acabam possuindo você". Ser colecionador é algo que se encaixa neste conceito, já que você se torna escravo do colecionismo. Coleciona filmes, CDs ou algo relacionado à 7ª arte? 

E.P.: Sem dúvida. Comecei com filmes em Super 8, nos anos 1970. Eram poucos, geralmente comédias de O Gordo e o Magro, entre outros. Depois vieram os anos 1980 e a chegada do videocassete (VHS). Foi aí que começou a paixão por colecionar filmes.

Com o tempo, as tecnologias foram mudando, e eu fui acompanhando, apenas trocando o formato. Muitos anos depois, já trabalhando, a coleção só cresceu. O mais difícil sempre foi armazenar e organizar tudo. Infelizmente, perdi meus VHS, LaserDiscs e filmes em Super 8 em um incêndio, mas os DVDs já passam de 11 mil. Blu-rays, tenho mais de 1.500.

Claro que, além dos filmes em si, também tenho algumas memorabilia e livros mas, felizmente, sem o mesmo exagero! Confesso que não sei se é uma coleção ou um vício. Se for vício, pelo menos é um vício saudável!


3) A criação do seu portal "DVDMagazine" veio de uma necessidade pessoal de se comunicar sobre a 7ª Arte? E em que momento essa ideia tomou forma?

E.P.: O projeto começou em 2002, criado por alguns amigos de Porto Alegre, como Marcelo Hugo da Rocha, que desenvolveram o site por hobbie. Eram todos advogados apaixonados por cinema. Logo depois, me chamaram para cobrir o lançamento de um DVD em São Paulo. Na época, eu trabalhava em outra área, com projetos de multimídia, mas já era cinéfilo, como mencionei antes. Aceitei o convite e, em seguida, fui realizando outras matérias, até me tornar o editor do site. 

No início, havia muitos problemas nas edições em DVD: formato de tela inadequado, legendas ruins ou inexistentes, defeitos de fabricação, entre outros. Tornamo-nos uma ponte entre os leitores e as distribuidoras. Sem falsa modéstia, demos uma ótima contribuição para o mercado, alguns recalls chegaram a ser realizados a partir de nossas matérias.

Mesmo com tudo isso, sempre mantivemos credibilidade e isenção nas resenhas dos produtos e nas críticas dos filmes. Em 2005, tornei-me o único sócio do site, que segue no ar até hoje, sem apoio comercial. Mas sigo em frente. A tecnologia muda, mas a paixão e a veia jornalística continuam.


4) "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos". Considerando a reflexão, há alguma experiência vivida no meio artístico que foi especialmente marcante?

E.P.: Acho que aquela primeira experiência que mencionei com 2001: Uma Odisseia no Espaço foi uma delas. Depois vieram as entrevistas, algumas viagens para conhecer estúdios... Mas a maior delas foi ter a honra de ser amigo de Rubens Ewald Filho.

Lembra que comentei que recortava matérias de jornal quando era adolescente? Pois é, o crítico que escrevia a maioria delas era justamente ele. Muitos anos depois, quando eu já trabalhava com multimídia, realizamos nosso primeiro projeto juntos: um CD-ROM (alguns talvez precisem pesquisar no Google o que é isso...) sobre a história do cinema, distribuído para escolas estaduais de São Paulo.

Foi o início de uma longa amizade e, para mim, uma grande honra: além de conhecer meu ídolo, tive a oportunidade de trabalhar ao lado dele.


5) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes de sua vida? Um Top 10 ou mesmo o filme mais importante? 

E.P.: Nunca fiz listas pessoais, mas, claro, tenho filmes que me marcaram mais. Alguns talvez nem resistam tão bem ao tempo, se eu os revisitasse hoje, mas continuam especiais.

Posso citar: Casablanca, Blade Runner, 2001: Uma Odisseia no Espaço, A Doce Vida, Bonequinha de Luxo, Os Caçadores da Arca Perdida, De Volta para o Futuro, filmes de Jerry Lewis e Peter Sellers, Luzes da Ribalta (do Chaplin), Metrópolis, Manhattan, a série James Bond (principalmente até os anos 1990), Star Wars (especialmente o que hoje é o episódio IV, o primeiro a ser lançado), E o Vento Levou, Cantando na Chuva, Psicose, O Poderoso Chefão, Cinema Paradiso... Enfim, são tantos, e, claro, devo estar esquecendo vários!

Ah, e gosto muito de cinema de animação também.


6) Fale um pouco sobre os seus próximos projetos. 

E.P.: Neste exato momento, estou envolvido em alguns projetos que, finalmente, poderei concretizar. São iniciativas voltadas para cursos e livros em formato digital, e uma grande surpresa do DVDMagazine, relacionada ao lançamento de produtos. Ainda não posso adiantar muitos detalhes, mas acredito que os cinéfilos vão gostar!


7) Ao olhar para sua trajetória, qual aprendizado considera mais valioso e gostaria de compartilhar?

E.P.: Acho que a maior lição que ficou é que a arte sempre guiou a minha vida, com idas e vindas, mas sempre convergindo para o cinema e a música. Sempre foram meus companheiros. Tenho certeza de que entrar em uma sala de cinema, assistir a um filme pela Netflix ou ouvir uma boa música, um show ao vivo, nos faz crescer e aprender algo, seja bom ou ruim. Nunca é tarde para sonhar e aprender.

Hoje, no entanto, fico preocupado com esse mundo digital que virou uma espécie de terra sem lei, onde cada um fala o que quer, sem base, sem conhecimento, principalmente sem conhecer a história, o passado. Claro que não estou generalizando: os benefícios do mundo digital também são enormes. Mas acredito que a arte é um dos caminhos para nos tornarmos seres humanos melhores, é por meio dela que adquirimos conhecimento, desenvolvemos sensibilidade e alimentamos a esperança no futuro.

Aos mais jovens, fica a dica: leiam, vejam filmes, assistam a um longa em preto e branco, descubram o prazer de conhecer o mundo que existia antes de vocês. Isso certamente só aumentará o prazer de viver e a capacidade de se tornarem pessoas melhores, mais sábias e tolerantes. Acho que foi isso que, de certa forma, aconteceu comigo. E o melhor: ainda tenho muito a aprender, a sonhar. Ainda bem!

M.V.: Obrigado amigo. A gente se vê por ai. 




Tecnologia do Blogger.