Entrevista com Rodrigo Tannus


Rodrigo Tannus é ilustrador profissional desde de 2018, formado em Arquitetura e Urbanismo, Especialista em Arquitetura da Cidade e Mestre em Arquitetura, Urbanismo e Tecnologia, onde estudou sobre as relações das Histórias em Quadrinhos com a Educação. É morador da cidade de São Fidélis, interior do estado do Rio de Janeiro. Iniciou sua carreira ilustrando para empresas de Home Vídeo, criando capas e pôsteres para lançamentos de DVD’s e Blu-Rays, em especial sobre filmes de terror ou da cultura pop. 

Entre alguns filmes conhecidos estão: Parasita, Midsommar, Eles Vivem, A Hora do Lobisomem, O Lamento e OldBoy. Atuou em projetos em parceria com a banda Angra, Banco do Brasil, SESC e BLG Entretenimento em mostras de cinema do Stephen King, Tim Burton e Disney/Pixar. Também fez trabalhos no mercado internacional para países como EUA, Londres e Polônia, com destaque para a editora americana Insight Editions, no qual lançou em 2024 um livro pop-up licenciado pela Disney para o filme O Estranho Mundo de Jack.

Vamos às 7 perguntas capitais:



1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte. Quando nasceu sua paixão pelo cinema? 

R.T.: Me considero um apaixonado por cinema e acho que essa paixão começou quando vi pela primeira vez Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros aos 5 anos. A partir desse ponto eu comecei a adentrar cada vez mais na sétima arte, seja alugando VHS, gravando os filmes da TV, alugando ou comprando DVDs. 

Já nessa época eu gostava de criar e desenhar histórias que continuassem alguns filmes, principalmente os de animais gigantes assassinos, e foi como surgiu a união da ilustração com o cinema. Minha relação com o cinema é bem diversificada (apesar de trabalhar mais no ramo de ilustração para terror e horror), pois sou daqueles que gosta de um clássico como Ben-Hur e também de um Velozes e Furiosos. Entretanto minha coleção é mais de filmes de terror, como os Slashers, filmes da Hammer Studios, Monstros Clássicos da Universal, entre outros. 


2) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes de sua vida? Um Top 10 ou mesmo o filme mais importante? 

R.T.: Com toda certeza Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros. 

M.V.: Eu tenho uma história curiosa sobre este filme. Quando ele estreou, eu ganhei 4 ingressos num sorteio da rádio Transamérica e assisti 8 vezes no cinema (fiquei duas sessões em cada dia). Mas como amo o filme, sempre fiquei com o sentimento de que gostaria de ter pago para vê-lo, pois ele valia cada centavo.

R.T.: E vale mesmo.


3) Conte um pouco sobre o início do seu trabalho como ilustrador.  Ele vem ganhando cada vez mais destaque, especialmente nas edições da distribuidora de filmes em mídia física Versátil Home Vídeo,

R.T.: Minha formação é em Arquitetura e Urbanismo e me formei em 2018. Entretanto com a pandemia a área de construção sofreu uma drástica queda e eu acabei tendo que me adequar a uma nova realidade. Nesse momento eu comecei a fazer algumas ilustrações e postá-las nas redes sociais e também dava aulas particulares de desenho. 

Então começaram a surgir algumas encomendas, uns serviços de ilustração de estampas de camisas, entre outros. Nessa época decidi que iria atuar no nicho de filmes de terror e quando achei que tinha um portfólio pronto para o mercado, selecionei algumas marcas/empresas a qual meu trabalho se encaixava e mandei um e-mail me apresentando. 


Dentre elas estava a Versátil Home Video, que me deu a honra de poder fazer o primeiro trabalho com eles: A Hora do Lobisomem. O mais engraçado é que, quando o Fernando Brito entrou em contato comigo, eu estava assistindo A Bruma Assassina, lançado justamente pela Versátil no Essencial Carpenter. 

Com toda certeza, esse lançamento me impulsionou dentro do mercado e acabei meio que me tornando referência em um nicho bem específico da ilustração de terror. Atualmente, 90% dos meus trabalhos são nesse segmento, porém em vários tipos de produto, como: capas de filmes, camisetas, rótulos e embalagens, pôsteres...


4) Boris Vallejo fez alguns dos mais memoráveis pôsteres de filmes dos anos 80, como Férias Frustradas, Phoenix, a Guerreira, Deathstalker - O Guerreiro Invencível e Rainha Guerreira. Alguns dos pôsteres são mais memoráveis que os filmes. Há algum profissional em particular que o inspira?

R.T.: Existem vários artistas que me inspiram. Dentre eles, o mais importante é o Dan Mumford, que também atua na área de filmes. Entretanto, tenho outros artistas fora desse nicho que também influenciaram meu trabalho, como: Cristiano Suarez, Leandro Massai, Amaury Filho, Ivan Reis, Drew Struzan, Ryan Meinerding... São tantos! 

M.V.: O Drew Struzan é absurdamente incrível. 


5) "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos". Considerando a reflexão, há alguma experiência vivida no meio artístico que foi especialmente marcante?

R.T.: Sempre tem várias histórias! Mas uma coisa que sempre é recorrente nessas histórias são clientes que acham que o artista desenha e domina todas as vertentes de ilustração: realismo, cartoon, abstrato… o que não é verdade! Os clientes ficam incrédulos ou desapontados quando descobrem que cada artista tem o seu próprio traço e estilo visual e que, na verdade, cabe a eles procurarem um ilustrador que trabalhe na proposta que eles necessitam. 


6) Fazer arte envolve muitas variáveis. Esforço, investimento, paixão, talento... E a sinergia destes elementos faz o resultado. Qual trabalho em sua carreira considera o melhor?

R.T.: Todos os meus trabalhos possuem um carinho da minha parte. É quase como perguntar qual é o filho preferido. Se pudesse escolher, tem 2 artes que tenho uma sensação de orgulho quando as vejo: Rastro de Maldade (Bone Tomahawk) e o Tropas Estelares (Starship Troopers). 

M.V.: E quanto a arrependimentos? Ou, caso não tenha, faria algo diferente?

R.T.: Por incrível que parece, uma arte que hoje em dia, após uma bagagem de experiência e técnica maior, faria diferente é a do A Hora do Lobisomem.


7) Para finalizar, deixe uma frase ou pensamento envolvendo o cinema que representa você.

R.T.: “Sem sacrifício não há vitória! ” – Optimus Prime 

M.V.: Obrigado amigo. Sucesso para você.


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