Entrevista com Ricardo Ghiorzi


Ricardo Ghiorzi nasceu em 29 de julho de 1964, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Diretor de cinema, destacou-se por seu trabalho na antologia 13 Histórias Estranhas (2015), composta por oito curtas-metragens de horror dirigidos por cineastas diferentes, sendo um deles assinado pelo próprio Ricardo.

Além de seu trabalho como diretor, é reconhecido como um talentoso especialista em maquiagem para efeitos especiais, com contribuições marcantes em diversas produções. Suas criações incluem lacerações falsas, ferimentos, criaturas monstruosas e uma ampla variedade de efeitos visuais elaborados de forma artesanal e com extremo detalhismo.

Vamos às 7 perguntas capitais:



1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte. Quando nasceu sua paixão pelo cinema? 

R.G.: Acho que, como acontece com qualquer apaixonado por filmes, a relação começa na infância. Lembro-me de assistir aos filmes de monstros em stop-motion criados por Ray Harryhausen na Sessão da Tarde da Globo (sim, eles passavam na Sessão da Tarde!). Foi daí que meu gosto por filmes fantásticos e de terror começou a tomar forma. Já adolescente, lembro de ficar acordado até altas horas da madrugada só para assistir aos filmes da Hammer, vampiros, lobisomens etc. 

Nessa época, também colecionava muitas revistas em quadrinhos de terror, o que ajudou bastante a fortalecer esse interesse. E no cinema, sem dúvida, o meu primeiro grande impacto foi ver Tubarão, nos anos 1970.


2) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes de sua vida? Um Top 10 ou mesmo o filme mais importante? 

R.G.: Posso citar cinco filmes fundamentais para mim, todos muito ligados à minha formação como fã da Sétima Arte (tenho predileção por cinema fantástico). São eles: Tubarão, O Exorcista, O Bebê de Rosemary, O Enigma do Outro Mundo e Um Lobisomem Americano em Londres.


3) Qual conselho deixaria para a geração que está começando na área? Quais são os erros mais comuns que um diretor iniciante deveria evitar?

R.G.: Um conselho importante, que aprendi com o tempo, é: mesmo que você não consiga financiamento por meio de editais, comece com uma boa ideia. Se a ideia for realmente boa, você certamente poderá reunir amigos, profissionais e colegas que acreditem no projeto e o tornem viável. E não se esqueça da qualidade técnica, som e imagem são fundamentais. Hoje em dia, um filme que atenda a esses pré-requisitos técnicos e artísticos tem muito mais chances de ser adquirido por canais de entretenimento e deixar de ser apenas mais um arquivo esquecido no HD do computador.


4) "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos". Considerando a reflexão, há alguma experiência vivida no meio artístico que foi especialmente marcante?

R.G.: Opa, tenho sim. E é meio bizarra (risos). No início da carreira, quando comecei a trabalhar com efeitos especiais de maquiagem, esperei 12 horas para aplicar as próteses em um ator! Sim, 12 horas de espera! Entrei no set às 6 da manhã e só fui chamado para a cena às 18 horas. No começo, a gente se submete a cada situação... (risos)


5) Imagine o cenário: você é um diretor (de qualquer país) no set de filmagem de um filme memorável. Quem seria, em qual filme, e por que essa experiência seria tão marcante para você?

R.G.: Sem dúvidas, seria John Carpenter em O Enigma do Outro Mundo, porque é o filme que mais me instiga entre todos os que citei anteriormente.


6) Fazer cinema envolve muitas variáveis. Esforço, investimento, paixão, talento... E a sinergia destes elementos faz o resultado. Qual trabalho em sua carreira considera o melhor?

R.G.: Gostei muito de fazer os efeitos especiais do curta A Princesa, realizado em Porto Alegre. Foi um trabalho que me deu muito prazer.

M.V.: E quanto a arrependimentos? Ou, caso não tenha, faria algo diferente?

R.G.:  E o que me arrependi,... bem, leia a resposta número 4 (risos).

M.V.: A tais 12 horas de escravidão...

 
7) Para finalizar, deixe uma frase ou pensamento envolvendo o cinema que representa você.

R.G.: "Existe algo mais importante que a lógica: a Imaginação. Se a ideia é boa, jogue a lógica pela janela." Alfred Hitchcock

M.V.: Muito obrigado. Sucesso para você.


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